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Edição de Aniversário - 24 ANOS - Outubro
2007
Coma
chocolate
De preferência o amargo. Delicie-se
com as recentes descobertas científicas que revelam: o
alimento protege, sim, o coração, ajuda a prevenir o diabete
tipo 2, reforça as defesas do corpo e, incrível, ainda pode
auxiliar no controle do apetite.
por Fábio de Oliveira
design Robson Quinafélix
fotos Gustavo Arrais
Países Chocólatras
A média de consumo anual por habitante
Bélgica: 10,8 Kg
Suíça: 10,2 Kg
Reino Unido: 9,9 Kg
Brasil: 0,9 Kg
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Sua matéria-prima, o cacau, era
considerada por maias e astecas o alimento dos deuses.
Tamanha veneração talvez tenha se originado da dedução de
que as sementes do fruto do cacaueiro escondiam diversas
propriedades. Se eram realmente divinas, isso ainda carece
de comprovação. No entanto, quase cinco séculos depois os
espanhóis enriqueceram o paladar europeu com um dos sabores
do Novo Mundo, sobram evidências cientificas de que
chocolate amargo, guloseima com um gosto peculiar justamente
por ter maior teor de cacau na sua composição, promove uma
série de benefícios para a nossa saúde. Os resultados de uma
das pesquisas mais recentes sobre esse chocolate confirmam
que ele protege o coração. Realizado na Universidade
Hospital Colônia, na Alemanha, o estudo revela que seu
consumo rotineiro reduz os níveis da pressão arterial.
O trabalho avaliou 44 pacientes
entre 56 e 73 anos, pré-hipertensos ou no estágio inicial do
problema. Durante 18 semanas parte deles consumiu 30
calorias diárias, ou 6,3 gramas de chocolate amargo, algo
equivalente a um único pedaço de uma barrinha. Os demais
participantes ingeriram o tipo branco. Aqueles ínfimos 6,3
gramas da versão que o sangue exerce sobre os vasos - a
máxima, ou sistólica, em 1,6 milímetros de mercúrio e a
mínima a diastólica, em 1 milímetro de mercúrio. Além disso,
a prevalência da hipertensão – problema que acomete cerca de
1 bilhão de pessoas no globo e é responsável por milhares de
casos de infarto e derrame – caiu de 86% para 68%. ”A queda
de cada 2 milímetros de mercúrio na medida da pressão máxima
já diminuiu bastante o risco de morrer de AVC ou do
coração”, assegura o cardiologista Marcus Bolívar Malachias,
da Sociedade Brasileira de Cardiologia. No estudo alemão,
provou-se no peso e nas taxas de açúcar e gordura na
circulação. |
Chocolate
Ajuda a emagrecer?
Pelo menos é o que se pode deduzir de
um enigmático estudo escandinavo.
Há algo misterioso no reino da
Dinamarca, mais especificamente no Departamento de Nutrição
Humana da Universidade Real de Copenhague. Seu chefe, o
médico Arne Vernon Astrup, conduziu um estudo em que avaliou
uma propriedade pouco conhecida do chocolate amargo, a de
promover a saciedade. Ou seja, aplacar a fome. Astrup
participou do XII Congresso Brasileiro de Obesidade e
Síndrome Metabólica, realizado em agosto na capital
paulista. Em sua exposição o especialista em obesidade
deixou escapar alguns dados sobre sua pesquisa – e SAÚDE!
Estava lá, de ouvidos bem atentos. O dinamarquês dividiu
voluntários em dois grupos. Um deles ingeria logo pela manhã
uma pequena barra de chocolate amargo e o outro, a versão ao
leite. ”Quem comeu o tipo amargo consumiu menos calorias ao
longo dos dias”, conta o endocrinologista Márcio Mancini,
que coordenou a mesa da qual Astrup participou. Em bom
português, parou, por exemplo, de beliscar entre as
refeições. Por que será que o chocolate promoveu saciedade?
A reportagem da SAÚDE! procurou Astrup, mas ele não
esclareceu o mistério: “Sinto muito. Ainda não posso liberar
os resultados, pois eles ainda não foram publicados”.
Aqui no Brasil, a nutricionista
Vanderlí Marchiori já receita o chocolate amargo para quem
precisa controlar apetite.”Recomendo de 30 a 40 gramas para
o lanche do meio da manhã, revela. ”Dar chocolate para esses
indivíduos é algo transgressor”. Explica-se: é como se eles
estivessem incorrendo num comportamento socialmente
incorreto. Mas, no final das contas, essa gente dá um basta
nas guloseimas e passa a comer menos. O porquê desse efeito
ainda é incompreendido. Existe a suspeita de que ele ocorra
graças a substâncias do alimento que agem como as
anfetaminas, suprindo a vontade de comer.Vamos aguardar,
então, mais notícias da Dinamarca. |
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Os Três tipos de chocolate
Diferenças e semelhanças de um doce
trio
Amargo
- Entram na sua composição as sementes de cacau,
um mínimo de manteiga de cacau, pouco açúcar e nada de
leite. Seu sabor peculiar se deve à maior quantidade de
massa do fruto do cacaueiro. Uma barra 30 gramas fornece 150
calorias.
Ao Leite
- Licor e manteiga de cacau, açúcar, leite, leite
em pó ou leite condensado. Esses são alguns dos ingredientes
que podem ser incluídos na receita desse chocolate, que é,
aliás, creditada ao farmacêutico alemão Henri Nestlé
(1814-1890). Calorias em 30 gramas: 159.
Branco
- Muita gente não o considera digno de ser
classificado como chocolate. Isso porque as sementes de
cacau não fazem parte de fórmula desse alimento. Para obter
o tipo branco, a indústria se vale de um mistura de leite,
açúcar, manteiga de cacau e lecitina. São 164 calorias em 30
gramas.
O segredo do chocolate amargo está na
altíssima concentração de certos flavonóides, como as
catequinas, substâncias de nome estranho encontradas no
cacau. São elas que agem nas artérias, promovendo a queda de
pressão. ”Esses compostos elevam a produção de óxido
nítrico, um vaso dilatador natural”, explica Malachias, que
é diretor do instituto de hipertensão Arterial de Minas
Gerais, em Belo Horizonte. ”O endotélio, a camada interna
das artérias, fica mais flexível. Assim, o sangue passa por
ali gerando menos pressão”, explica a nutricionista Vanderlí
Marchiori, colaboradora da Associação Paulista de Nutrição.
Para que isso ocorra é preciso que
o consumo do alimento seja diário. ”Bastam de 30 a 40
gramas, ou quatro quadradinhos daqueles tablets grandes”,
recomenda Vanderlí. Ela dá outra boa notícia: o chocolate
amargo não contribui para a subida de colesterol. ”Os
polifenóis impedem a oxidação do LDL, o tipo ruim da gordura
explica. ”Eles seqüestram essa molécula, formando um
complexo solúvel que é eliminado pela urina”.
Uma pesquisa japonesa publicada no
período americano Nutrition investigou o papel da
procianidina, outro componente do chocolate amargo, no
controle do diabete tipo 2. Roedores obesos e com o mal
consumiram uma beberagem de cacau rica na substância.
Passado um tempo, os níveis de açúcar no sangue dos bichos
caíram. Segundo os pesquisadores, isso pode ter ocorrido
porque as tais procianidinas melhorariam a eficiência da
insulina, o hormônio que bota a glicose dentro das células.
”Esse tipo de suplementação preveniu o diabete em
camundongos obesos”, afirma á SAÚDE! Hirohisa Takano, um
dos autores do trabalho. Pesquisas com o chocolate amargo
cheio de flavonóides mostram que a ingestão de 100 gramas
diários poderia garantir o mesmo beneficio aos humanos algo
que ainda requer mais evidências. Portanto, se você é
diabético, é cedo pra sair se empanturrando.
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Delícia saudável
Fique por dentro de outros benefícios
do chocolate amargo
Papo cabeça
Um estudo britânico mostrou que uma
bebida á base de um tipo de cacau lotado de flavonóides foi
capaz de aumentar o fluxo sangüíneo na massa cinzenta. Em
outras palavras, esses compostos do cacau e do chocolate
poderão ser usados no futuro no tratamento de problemas nos
vasos cerebrais.
Doces lembranças
A epicatequina, uma substância
encontrada no cacau e, por extensão, no chocolate amargo,
pode, juntamente com exercícios físicos, estimular a
memória, revela um estudo que saiu há pouco no periódico
científico americano The Journal of Neuroscience.
Mente Longa-Vida
Cientistas Franceses acompanharam 1640
pessoas com média de idade de 77 anos durante uma década.
Quem seguia uma dieta com alimentos ricos em flavonóides,
caso do chocolate amargo, teve menor declínio das funções
cognitivas.
Gás Total
Pesquisadores da Escola Médica Hull
York, no Reino Unido, descobriram que o consumo diário de 45
gramas desse chocolate reduz os sintomas da síndrome da
fadiga crônica, que é caracterizada por um cansaço
generalizado.
>> O chocolate Amargo
Possui doses generosas de compostos
que estimulam o cérebro e asseguram o bom humor
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Amargo Verde-E-Amarelo
Por enquanto estes são chocolates nacionais com maior
teor de cacau
Suflair Dark
A Nestlé lançou este ano uma versão do chocolate aerado
com 70% de cacau na sua composição. A edição, no entanto,
era limitada - e talvez você já encontre dificuldade para
achá-la em supermercados.
Hershey`s Special Dark
Recém chegada ao mercado, a linha com 60% de
cacau na receita, vem em quatro sabores: menta, cappuccino,
laranja e tradicional.
Cacau 70%
Como o próprio nome entrega, esse chocolate da
Kopenhagen apresenta mais de dois terços de cacau na sua
fórmula. O produto pode ser encontrado em dois sabores:
tradicional e com leve toque de laranja.
Creme dental de chocolate?
É o que sugere uma pesquisa americana.
Mas, se ouvir esta por aí, ainda não leve tão a sério.
A notícia vem da Universidade Tulane,
no estado Louisiana, nos Estados Unidos. Um de seus
cientistas, Arman Sadeghpour, chegou a um extrato do pó de
cacau que ajudaria a fortalecer o esmalte dentário e dar um
basta nas cáries. Nesse quesito, o composto seria mais
eficiente do que o flúor hoje utilizado nas pastas de dente.
O odontólogo Jaime Cury, da faculdade de odontologia de
Piracicaba, no interior paulista, mostra-se cético quanto a
esse resultado. ”Será muito difícil uma outra substância
preencher os atributos do flúor para controlar o
desenvolvimento da cárie”, afirma, categórico, o
especialista.
Na Espanha, uma pesquisa realizada na
Universidade de Barcelona também focou sua mira nos
flavonóides do cacau, mas dessa vez com o objetivo de
avaliar sua ação no sistema imune de ratos jovens,
principalmente em células do batalhão das defesas, como os
linfócitos e os macrófagos. Os animais receberam uma dieta
enriquecida com o alimento durante três semanas. Depois os
especialistas chegaram a conclusão de que houve um aumento
na atividade de certas áreas envolvidas com a imunidade.
Isso se verificou com maior intensidade no timo, órgão
situado no tórax e responsável pela maturação dos linfócitos
T, nossos guardiões contra vírus e bactéria. ”Descobrimos
também que o cacau protege os neurônios dos efeitos dos
radicais livres”, conta a SAÚDE! Emma Ramiro, líder do
estudo. Mas e o chocolate com isso? ”Ele é feito com massa
de cacau, onde se encontram os flavonóides do fruto”,
explica a pesquisadora. E repete o que todos os estudos já
apontam: ”Dentre todos os tipos, o chocolate amargo é o que
mais contém esse tipo de composto. Assim, ele é o único que
pode ter um bom impacto na saúde”.
Além de não deixar o organismo
fraco e vulnerável, o alimento mantém o humor da gente em
alta. Ele possui duas substâncias cujos nomes são uns
verdadeiros palavrões: N-oleoletanolamina e
N-linoleoiletanolamina. A dupla estabiliza as anandamidas,
uma espécie de maconha produzida pelo nosso próprio
cérebro.”Isso faz com que a sensação de bem-estar
proporcionada por elas dure mais tempo”, explica Vanderlí
Marchiori. Sem falar na fenilalanina e na tirosina, dois
aminoácidos que são precursores da noradrenalina e da
dopamina, outra dobradinha envolvida no estado de felicidade
natural. Quer motivo melhor para curtir esse sabor amargo?
Bom apetite! |
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